07 maio, 2016

PROPOSTA #2: MEMÓRIA DESCRITIVA




“A tipografia é o ofício que dá forma visível e durável - e portanto existência independente - à linguagem humana.” ― Robert Bringhurst 

Para a segunda proposta da unidade curricular de Design e Comunicação Visual relativa ao tema da tipografia, e como futuros jornalistas, estamos em crer que aquilo que se pretende da nossa parte, não é que sejamos indiferentes ou totalmente neutros face aos problemas que atravessam as sociedades, mas sim que priorizemos – como já é da praxe nas nossas humildes composições – a atualidade, o tempo presente, aquilo que é, efetivamente, factual, em detrimento, por exemplo, do subjetivismo de outras composições. Nesse sentido, e tendo como base a agenda mediática dos últimos tempos, era, quase que, obrigatório associar-mo-nos a um tema do qual não foi possível manter um certo distanciamento da nossa parte. 

Conquistados pela miscigenação, pela grande diversidade cultural brasileira e pelas raízes que nos vinculam ainda a um país como o Brasil, era inevitável não falar do vírus Zika, considerado já uma ameaça emergente para a saúde, sobretudo para pessoas que vivam em climas tropicais e para um grupo em particular: as mulheres, principalmente, gestantes, a quem não é aconselhada a viagem para países em que o Zika esteja presente. Os virologistas associam o vírus a uma deficiência que ocorre no nascimento chamado microcefalia, apesar de ainda não existir ligação direta entre o vírus e os defeitos de nascença. 

Para tal, tivemos como base uma notícia do semanário Expresso, de dia 26 de janeiro de 2016, da editoria de Sociedade da jornalista Christiana Martins: «Já não bastavam os mosquitos, agora há zika no sexo e no sangue». A escolha deste texto foi sujeita às incertezas do acaso por entre a panóplia de artigos noticiosos sobre o tema. 

Uma vez que o Zika é difundido pelo mosquito, sendo que os dois mais comuns são o Aedes aegypti e o Aedes albopictus – duas espécies invasivas com distribuições mundiais – consideramos, após um longo e conturbado período de conversação, que deveríamos “representá-lo” na nossa composição visual. 

Porque acreditamos que há algum rigor na terminologia do texto que, por si só, tem uma carga semântica demasiado forte, fizemos uso de alguns termos para a conceção da nossa composição visual. Preencheu-se o centro da composição gráfica com a palavra zika para transmitir, de forma continuada, a premência desta doença, sobretudo nos países da América do Sul e Central, mas com particular atenção no Brasil. 

A ordem da colocação das palavras é totalmente aleatória devido à passividade de todas serem enquadradas no contexto do texto escolhido, uma vez que a proliferação de alguns termos significantes não tem uma ordem pré-estabelecida. 

O tipo de letra empregue foi o Myriad Pro, sem serifa, pela sobriedade e frugalidade que confere; por ser ilustrativa e pela integridade que dá à seriedade do problema, apanágio de tristeza, agonia, aflição, angústia, inquietação, entre outros. Em suma, consideramos que padroniza, de certa forma, a nossa composição. Consideramos que o tratamento da composição visual é sóbrio e distanciado, com uma identificação objetiva e direta. 

"A cor está, de fato, impregnada de informação, e é uma das mais penetrantes experiências visuais que temos todos em comum." (Donis A. Dondis) Assim, a tonalidade que apresenta – amarelo e verde – é, pela simbologia que ubiquamente lhe é atribuída, totalmente antitética quando comparada com a tradicional representação, em termos de coloração, dos sentimentos acima sobreditos. A escolha desta paleta de cores prende-se exclusivamente com o facto de que estas são as cores que compõem a bandeira do Brasil. Isto vai de encontro a uma questão de identificação imediata que pretendemos com todo um país infetado pelo vírus Zika.

Sem comentários:

Enviar um comentário